Beatriz Padrão – Do G1
Música clássica, comandos de voz da professora em francês e sol iluminando parte da sala. Esse é o cenário da aula de balé no Centro de Movimento Deborah Colker, na Glória, Zona Sul do Rio de Janeiro. Cariocas, que elas reconhecem – já não são mais meninas, estão se iniciando, mais tarde, no prazer da dança.
Algumas querem misturar com a malhação, mas boa parte não gosta de academia de ginástica. É o caso da advogada Louise Vago Matieli, que escolheu o balé porque ele não lembra as músicas agitadas em alto volume e os exercícios maçantes. Eu venho fazer a aula de manhã para relaxar antes de ir para o trabalho, explica Louise.
No Centro de Movimento visitado pelo G1, a maioria das alunas não gosta de ginástica e viu na dança alternativa para fazer exercício físico. Mas as academias não poderiam perder essa onda. Na Body Tech Città, da Barra da Tijuca, o objetivo declarado é: quem gosta de malhar, terá o balé como complemento para trabalhar como se diz no jargão da malhação – a postura.
Eu já faço musculação, mas sinto que o balé trabalha muito mais a musculatura, conta a atriz Nicole Evangeline.
A dona de casa Leonor Carvalho de Sá acredita que os benefícios são grandes: A dança te dá muito mais consciência corporal, deixa o corpo no lugar e melhora a postura.
Para a professora Camile Salles, o balé faz bem à cabeça. Minhas alunas brincam que as aulas previnem o mal de Alzheimer porque elas precisam decorar as sequências de passos, diz.
A advogada Cíntia Fernandes Lima concorda com a professora e acrescenta: É uma higiene mental, porque você precisa estar focada em todos os movimentos.
A academia e o centro estão com lista de espera e pretendem abrir novas turmas de balé para adultos iniciantes. A professora Gisele Rosa acredita que um dos motivos para o aumento da procura foram notícias de que artistas famosas e bonitas estão dançando ela citou Alinne Moraes e Luana Piovanni, que se deixaram filmar durante seus exercícios.
Queima de calorias
De fora, poderia se acreditar que o balé é uma arte tranquila, mas, na prática, tem alto gasto calórico. É uma atividade aeróbica porque tem muitos saltos e giros. Todas saem da aula suadas, mortas eu mato elas, brinca a professora Camile Salles.
Como qualquer atividade física, é importante passar por uma avaliação médica. Quem está sedentário deve ir a um cardiologista para ver se está apto a dançar. E deve se consultar com um ortopedista quem tem algum problema de articulação ou quem já fez alguma cirurgia na coluna, por exemplo, recomenda o médico ortopedista Sérgio Fonseca.
A professora Camile garante que o balé é bem democrático. Qualquer pessoa pode dançar, em qualquer idade e não precisa ser magra. Também não tem uniforme, a roupa precisa apenas marcar o corpo para que eu possa corrigir os movimentos, explica.
A professora Gisele, que tem alunas com mais de 60 anos, sabe que não está formando profissionais da dança. Nós respeitamos o limite de cada uma, se alguém só consegue levantar a perna 30 graus, não tem o menor problema, a aluna vai conseguir dançar.
Alunas e instrutoras dizem que o importante é mexer o corpo e se divertir. É sempre um desafio, mas quem é mais madura consegue mais concentração”, conta a musicista Louise Rabelo. “No meu palco, eu consigo me sentir a primeira bailarina, confessa a advogada Nadine Castanhos.
No Inter, as aulas de balé acontecem toda quarta e sexta-feira, das 9h às 10h, com a supervisão da profª Célia.
Link de origem: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/08/cariocas-de-30-40-50-e-ate-60-anos-viram-iniciantes-em-aulas-de-bale.html