A vacinação de atletas olímpicos e paralímpicos, que irão participar dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, iniciou nesta sexta-feira, dia 14 de maio, no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em São Paulo.
Ao todo, serão vacinados cerca de 590 atletas e profissionais e dentre eles está a judoca do Clube Internacional de Regatas, Giulia dos Santos Pereira, de 21 anos, que compete na classe B1 (para cegos “totais”), categoria até 48 kg.
“Fiquei muito emocionada no momento da aplicação. Estamos passando por um momento muito difícil e conseguir tomar a vacina e nos preparar para os Jogos é uma grande vitória”, contou Giulia
A ação é fruto de um acordo interministerial entre os Ministérios da Defesa, da Saúde e da Cidadania, em coordenação com o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), que permitirá a imunização de cerca de 1.800 pessoas, entre esportistas e credenciados que participarão dos Jogos de Tóquio.
As vacinas foram doadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), que ofereceu doses a todos os Comitês Olímpicos e Paralímpicos Nacionais, além de vacinas para imunizar ao menos mais dois cidadãos dos países beneficiados pela doação.
Convocação e trajetória
De acordo com o calendário da modalidade, ainda haverá mais duas competições até o fechamento do ranking, que definirá os atletas que seguirão para os Jogos Paralímpicos. No entanto, a convocação já está prestes a ser confirmada.
O desafio de conquistar a vaga nas Paralimpíadas é grande, mas a judoca já está acostumada a superar as adversidades da vida. Deficiente visual desde bebê, Giulia nasceu de cinco meses de gestação, passou mais quatro meses na incubadora e passou por inúmeras cirurgias. A má formação no globo ocular fez com que ela tenha 10% da visão no olho direito e seja completamente cega do olho esquerdo.
Mas nada a impediu de seguir em frente. Giulia perdeu a mãe com 12 anos, mesmo período em que passou a praticar Judô, após seu pai a aconselhar a fazer um esporte.
Suas duas primeiras inspirações para escolher essa arte marcial foram Fabiane Hukuda e Rosane Aguiar, que já tinham sido atletas olímpicas e, depois seriam suas professoras no Vila Souza, em Guarujá, onde Giulia começou.
Aos 13 anos, ela começou a competir e em 2016, já estava na Seleção Brasileira de base, representando o país e ganhando a medalha de prata no Pan-Americano de Jovens em São Paulo. “Sempre recebi muito apoio da minha família e isso é essencial para o atleta. Meu pai sempre se desdobrou para eu participar das competições e sempre contei também com a ajuda de minha irmã Luiza, de 17 anos, que também pratica judô”, contou.
No Parapan de 2019, realizado em Lima, no Peru, a primeira das 11 medalhas brasileiras nos Jogos veio de Giulia. Lutando em uma categoria acima (até 52 quilos), ela conquistou ouro. “É um título muito importante para mim e representou muito, porque subir no lugar mais alto do pódio e ouvir o hino do Brasil é muito emocionante e gratificante. Naquele momento, pude ver minha mãe dizendo que eu chegaria onde eu quisesse”.
Para Giulia, o esporte é fundamental em sua vida. “Tudo que tenho hoje, devo ao Judô. Conheci 12 países, já fiz vários amigos e estou cursando a faculdade de Educação Física. Na minha trajetória, além dos meus familiares, também levo muitos nomes que me apoiam em cada momento. Agradeço muito ao Harlley, a esposa dele, Viviane, e os filhos Pedro e Helley, que me recebem na casa deles, em São Paulo. Também faço questão de agradecer aos meus patrocinadores, ao Inter, ao Comitê Paralímpico Brasileiro, à Confederação Brasileira de Judô e à Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais”, finaliza.
CBC
Os atletas do Judô do Inter contam com o apoio do Comitê Brasileiro de Clubes e são beneficiados com recursos de projetos aprovados de Incentivo ao Esporte. A participação na equipe de competição é gratuita aos beneficiários.